segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um Clã Português, pois, pois!

Clã nada mais é que uma das melhores bandas portuguesas, que sempre busca recriar-se, reinventando-se de um trabalho para o outro. Cada novo material colocado no mercado eles se tornam mais experimentais, e cada vez mais assumidamente Pop. Não há grandes desvios nem imprevisibilidades. Também não há grandes tiradas de gênio. Há apenas um trabalho sobriamente bem disposto, com a qualidade que a banda já demonstrou ser inerente. Mas na verdade eles são sempre imprevisíveis.

Os Clã tornaram-se por mérito próprio uma das bandas mais aclamadas do panorama pop-rock português. É muito interessante perceber a evolução da banda até aos dias de hoje. A começar por sua vocalista: se você buscasse uma Billie Holiday que cantasse música pop-rock, seria Manuela Azevedo. Uma voz envolvente e cheia de expressão.

Clã nada mais é que pop-rock declarado. Porém um pop leve sem tonalidades épicas e trágicas como de costume nas terras portuguesas. A música deles é viciante, sensual, dançável , leve, mordente, teimosa e muito divertida. Se toda a música pop-rock fosse assim, éramos todos mais felizes. Manuela solta-se nas letras de Carlos Tê (a maioria) num registo íntimo e bastante leve, contagiante e provocador. As guitarras levemente sujas e os sons sintéticos em progressões pouco ortodoxas, no mundo pop, levam-nos para universos do cançonetista de intervenção, explorados aqui num registo de entretenimento, libertando-se da carga política.

Um trabalho fascinante pela sonoridade em uma estrutura semântica similar: é daquelas coisas - ouvindo alguns segundos, sabemos do que se trata e não engana ninguém. Eles procuram experimentar sonoridades não diretamente ligadas ao jazz - da soul ao rock, do reggae ao funk, da pop ao funk metal, passando pelo rap, hip- hop e acid jazz – produzindo um som saltitante e diríamos quase alternativo.

Clã é uma das mais fortes revelações da música portuguesa emergente.

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